Bom, falando ligeiramente mais sério agora, vamos brincar de discutir o acontecimento da semana para nós jornaleiros: O protesto da sexta-feira cinzenta. Vou colocar um texto que acabei de redigir e espero que ninguém goste e que me critiquem. Ah, novidade, será um texto em primeira pessoa!
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Pipocas, Política e Sex Pistols.
Na quarta-feira, através (eu sei que tá errado) do companheiro Oscar, chegou à minha mão um documento expedido, se não me engano, na terça-feira pela chefia do departamento de comunicação da Uel. Pois bem, se tratava de uma resolução que imputava e amputava aos alunos o direito de usar os equipamentos necessários para a realização satisfatória do curso. Trocando em miúdos, proibiu-se o empréstimo de câmeras fotográficas, câmeras cinematográficas, gravadores de áudio e toda a sorte de apetrechos fundamentais para a prática jornalística que outrora eram cedidos sem maiores problemas.
A Causa
O motivo dessa decisão é compreensível. Em 2004 alguns discentes tiveram a brilhante idéia de realizar uma matéria para televisão em um dos bairros mais perigosos de Londrina. Acharam-se blindados pela carteirinha com inscrições de “Universidade Estadual de Londrina – Comunicação Social” – que na verdade só serve para comer no RU mesmo. Acharam que o “social”ou o nobre gesto de mostrar, com um documentário, o lado ralo do asfalto preveni-los-ia de atitudes criminosas. Risonho equívoco! Segundo eles, foram roubados e todos os equipamentos emprestados se perderam para sempre.
Agora demoraram quatro anos para vetar e quem foi responsável pelo episódio nem mesmo está mais na instituição. Os reais prejudicados, em curto prazo, são os alunos dos terceiros e quartos anos, que têm suas atividades curriculares baseadas no telejornalismo. Não se pode dizer que os demais alunos também não serão defasados. Os calouros teriam que usar máquinas fotográficas no segundo semestre e o segundo ano precisará semanalmente de gravadores para suas atividades de radiojornalismo.
Outro fato, não me recordo a data, mas que endossou a medida foi o caso do grupo de alunos que perdeu, em um bar conhecido da cidade, os materiais da universidade. Alguns dizem que também foram roubados, outros dizem que foram irresponsavelmente deixados sobre uma mesa, assim facilitando um furto. A questão é que quem deveria sofrer, pagar – sei lá como, até mesmo com serviços prestados à uel – e se responsabilizar pelos acontecidos seriam os alunos que, por ideologia ou pura inocência, deixaram levar o patrimônio de todos.
O protesto
Acho que a organização falhou nesse importante ponto. Claro, é difícil mobilizar as massas, ainda mais quando o número de estudantes do curso é limitado e não existiu uma grande ação de marketing e mídia, como ocorre hoje em dia nos grandes protestos. Porém, as medidas, o próprio itinerário e as palavras de ordem poderiam ter sido melhor escolhidas previamente. O que se viu foi um pouco de desordem e desorganização, o que torna a mobilização mais fraca. Já sei, vão me perguntar “Por que você não assumiu o protesto então?” respondo que também não teria capacidade para tal, apenas estou descrevendo e tentando ajudar para que os resultados sejam maximizados.
Enquanto a maioria da alcatéia faminta por justiça caminhava e gritava, eu preferi caminhar e pensar – além de fazer umas piadinhas e comer pipoca – sobre o que estava sendo feito. O interessante foi a adesão de alunos de história, totalmente alheios aos motivos e causas, mas, inquietos pelo barulho - que para ouvidos mais conservadores poderiam ser interpretados como baderna – prontamente seguiram sua natureza e até mesmo cederam materiais sofisticadíssimos de produção acústica ( duas latas velhas e amassadas).
Téti a Téti com o reitor
Após rodar pelo campus, finalmente chegamos ao esconderijo sombrio do nosso arqui-rival, o Magnífico Reitor Wilmar Marçal. Gritaram até que a autoridade saísse de sua gruta e então se calaram. Hora de falar sério, cobrar respostas e apresentar soluções. Como uma cobra criada, o mandatário máximo da instituição usou de sua política da fala mansa e ao mesmo tempo rápida, de suas palavras adocicadas e azedas, e conseguiu passar seus lábios de mel nas orelhas doces e imaculadas dos protestantes. Prometeu mundos e fundos, até mesmo uma reunião nas próximas semanas. O desfecho não sei como será, se dos filmes trágicos europeus ou dos finais americanos cativantes e felizes, mas o que se sabe é que o enredo, até agora, é digno das melhores pornochanchadas tupiniquins. A única certeza é que o final dessa trama demorará para ser produzido.
2 comentários:
Ainda estou procurando a referência a Sex Pistols no texto, mas talvez essa seja a graça: fazer os menos distraídos ficarem procurando a dita cuja.
Também teria um monte de coisas para dizer sobre a organização da passeata, como acho que todo mundo deva ter. Mas estou sem moral pra falar qualquer coisa porque desta vez não fiz a minha parte para ajudar. Portanto, abster-me-ei de qualquer comentário.
Tá, não resisto, unzinho só: valeu a intenção. É o que eu falo sempre, melhor pouco que nada.
E por que é que jornalista tem que sempre ter alguma perversão no texto? Esse negócio de lamber com mel as orelhas dos manifestantes foi repulsiva, eca!
Só mais duas coisas: 1) o que diabos é "a invenção do primeiro laser"?
2) a carteirinha serve pra biblioteca também (pra mim isso é útil), e tinha serventia no cinema, que agora cobra meia de todo mundo.
Ah sim, gostei do texto, se eu lembrar de mais alguma coisa pra dizer volto depois!
Invenção do primeiro laser?!
Ah, a parte do mel foi a melhor vai heeheehehheh
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