segunda-feira, 12 de maio de 2008

Após longo silêncio da minha parte (o que não eh normal), estou aqui para meu primeiro post. Confesso que me senti no BBB ao acompanhar o desabafo do Andrew. Além disso, o texto, por sinal muito bem escrito, da Luh reflete o meu pensamento e meu descompromisso, nesse caso, com ele. Assumo que leio sempre os textos postados, mas é primeira vez que deixo o meu. Esse texto está na última edição do Conexão Ciência e escolhi colocá-lo pelo tema tratado : Humanização. Nesse caso, é restrito a área de saúde, mas o médico que entrevistei me fez pensar sobre toda essa linguagem extremamente tecnicista e longe do entendimento da massa que nos cerca. A questão não é decair a "qualidade" (algo muito subjetivo) da escrita para que a maioria da população entenda a mensagem, mas sim fazer uso do nosso papel de jornalista para que a massa conheça, além da superficialidade geralmenta mostrada, a realidade que a cerca. Se nossa questão ultrapassou o âmbito jornalístico e caiu na educação, e na incapacidade ou falta de vontade do Estado em cumprir com os seus deveres, então façamos uso das nossas armas para conscientizar um povo que desconhece a sua função e a sua importância nessa sociedade. Para isso, caio na humanização, na imagem humana e não mercadológica que devemos ter da nossa profissão. A questão não é a tiragem de um jornal, mas o modo como a mensagem é dada.
A arterapia como recurso da medicina

A luta contra a desumanização da área de saúde

O projeto Sensibilizart, que envolve hoje os cursos de medicina, enermagem e fisioterapia, organizou a 1ª Jornada de Humanização da Saúde. Entre os palestrantes estava o vice- presidente da Associação Brasileira de Medicina e Arte (ABMA) Paulo Barreto Campello, graduado e especializado em clínica geral e em pneumologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco. Campello foi um dos colaboradores na criação desse projeto que visa melhorar a relação entre o profissional e o paciente por meio da arte. Entre as atividades executadas pelos alunos dentro do Hospital Universitário, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), estão o artesanato, a música, o palhaço e a narração de histórias.
O professor Campello defende a luta contra a desumanização na área de saúde. Para ele, desde a espera de três meses para a realização de um exame no Sistema Único de Saúde (SUS), até a rapidez em uma consulta, na qual o médico avalia apenas a reação do corpo em relação à doença e não se interessa em saber o que representa aquele ser humano, são atitudes desumanas. “Eu digo sempre que está existindo uma obesidade tecnológica e uma desnutrição humanística”, afirma o médico. Ele contesta a inversão de valores em uma sociedade que passou a valorizar mais a tecnologia que o lado humano. Para combater isso, ele se utiliza da arte, tanto a arte plástica quanto a fotografia, a música, o teatro e a palhaçoterapia – popularizada por Patch Adams e pelos Doutores da Alegria.
A alternativa encontrada por ele para resgatar essa humanização também tem função terapêutica. O seu programa “Arte na Medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola”, na verdade, reuni 12 projetos e o foco é fazer com que a pessoa expresse seus sentimentos por meio da arte. Um deles, por exemplo, chamado “Arte na Cabeça” incentiva as manifestações artísticas de pacientes psicóticos ou usuários de drogas por meio do maracatu, da capoeira, da dança e da fotografia. “Não é simplesmente ensinar a fazer a arte, mas saber que naquela arte, ele está liberando sofrimento, aflições, angústias”, explica.
Outro projeto, chamado “Humanização da Saúde pela Linguagem”, atinge diretamente a comunidade e pretende educar com um vocabulário mais próximo da sua realidade. “Foi dado esse nome porque é desumano você divulgar dados da área de saúde através dessa linguagem tecnicista”, afirma Campello. Ele explica que por meio da grafitagem, da literatura de cordel – típica de Pernanbuco-, dos jingles e dos cartoons o povo adquire consciência dos males e da prevenção. Os voluntários grafitam os muros, os parques e as estações de metrô de Recife com temas como a prevenção do câncer de mama, da dengue, da febre amarela, além de textos antitabagistas e sobre saúde bucal.
A música é vista por Campello como uma grande aliada. Ele a utiliza em projetos, como o “Som da Vida”, no qual a gestante ouve música quando chega à maternidade, enquanto espera pelo parto e escolhe a canção que quer ouvir durante o parto, para celebrar o nascimento. A música tem o poder de estimular a mulher, que vai liberar endorfina e conseqüentemente terá um parto melhor. A criança assim que vai para o berçário também escuta canções de Mozart, de acordo com o médico, trabalhos mostram que a música no interior do cérebro melhora a sucção e o bebê fica mais tranqüilo e dorme melhor.
Os alunos de medicina têm o incentivo ao lado mais humano incluso no seu currículo escolar por outro projeto. Campello ensina aos futuros profissionais noções de arte e como usá-la. “A arte como ponte psicossomática, que seria o corpo liberando as emoções”, defende o professor. Assim como, no projeto “Oficina de Conto de Fadas”, histórias são contadas às crianças e a criação de contos por elas são estimuladas. Esses contos representam o seu interior e todas as histórias são publicadas em formato de livro, a 6ª edição está para ser lançada.
O professor Campello trouxe com ele, para participar da jornada promovida pelo curso de medicina, a arterapeuta Auxiliadora do Santo. Ela, integrante da ABMA, comandou uma oficina que teve como objetivo a conexão entre o corpo e a mente. Para ela, a arterapia envolve a arte, o ato criativo com a saúde mental e com o equilíbrio emocional. Tanto Auxiliadora do Santo quanto Campello focam seu trabalho na associação entre arte e saúde, sempre com ênfase no ser humano.

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