O fim do jornal impresso está para um ledo engano assim como o “Fim do Mundo” para Nostradamus. No entanto, um pouco diferente de Nostradamus que previu uma data para o “fim dos tempos”, os profetas da comunicação apenas se limitaram a dizer que o fim do impresso está próximo. É incrível como em pleno século XXI profissionais da comunicação ainda se deixam levar por esse movimento “messiânico”!
Mas deixando os discos voadores e as bolas de cristal de lado, vamos nos deter nas informações tangíveis à realidade concreta e nenhum pouco metafísica!
Nossos videntes afirmam que o número de leitores diminuiu nos últimos tempos. Provavelmente eles tenham esquecido do baixo índice de alfabetização que o Brasil apresenta. Salvador, capital da Bahia, possui 3 milhões de habitantes. Entretanto, o jornal de maior circulação não vende mais que 50 mil exemplares. Seria problema exclusivamente do jornal? O jornal impresso não interessa mais aos leitores? Não, não é nada disso. Salvador, assim como outras capitais brasileiras apresenta altos índices de concentração de renda, miséria e desemprego.
Isso fica evidente quando se procura dados referentes àqueles que têm acesso (e condições financeiras) de comprar jornal. A FSB Comunicações realizou uma pesquisa com deputados federais. Nessa pesquisa constatou-se que mais de 96% dos deputados lêem os jornais diariamente. Outro dado interessante: em uma pesquisa realizada com a população brasileira com maior renda familiar comprovou-se 87% deles recorrem aos jornais impressos.
Ainda assim, os sensitivos da comunicação insistem em dizer que o impresso perderá espaço para internet, podendo ser trocado pela versão online. Será que eles, que se sentem capazes de prever o futuro, teriam esquecido o passado? Desde de seu surgimento, o jornal teve que conviver com a ameaça de outras mídias que nasceram durante sua trajetória. Como o rádio e a televisão. Ele poderia ter sido substituído, mas criou seus mecanismos e buscou seu diferencial. Enfim, sobreviveu a concorrência das outras mídias. Um exemplo desse diferencial está no surgimento do jornalismo interpretativo. Com o rádio e a tevê, o jornal perde o status daquele que dá a notícia em “primeira mão”. As edições “extras” perdem sua funcionalidade. Assim, o jornal impresso busca aquilo que o rádio e a televisão não tem: a possibilidade de analisar e aprofundar os principais assuntos do dia. Ele também recebeu influências dessa mídia. O jornal deixou de ser tão pesado, seu projeto gráfico ficou mais arejado e os textos passaram a ceder espaço às imagens.
Ainda, pode-se afirmar que a internet só vem para acrescentar algo mais à versão impressa. De acordo com estudos realizados pelo “O Estado da Mídia” 80% dos entrevistados vêem a internet como um complemento bem-vindo ao papel. Outro exemplo de que é possível a coexistência do jornal online e a versão em papel é o L.A Times que segue o lema “Dê o furo na internet, faça análise no papel”. A união internet e papel também abre espaço para o leitor. Ele poderá opinar e até mesmo produzir conteúdo noticioso, lógico que nesse caso esse conteúdo será previamente editado por um jornalista. Isso demonstra que ao contrário do que dizem a tendência dos antigos meios de comunicação não é desaparecer e dar lugar àqueles que surgem. Mas sim, de convergirem. Fica claro que aqueles que prevêem o fim do jornal impresso podem ser profetas, mas jamais visionários.
terça-feira, 29 de julho de 2008
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5 comentários:
Chegam a ser patéticas profecias deste gênero... bem típico de quem não consegue aprender com a História. Cada meio de comunicação, desde o livro, já foi "presenteado" com uma previsão desoladora dessas.
Só posso dizer que a minha geração ainda não vai ser considerada como insana e retrógrada por ainda se apegar ao papel. Do mesmo jeito que ninguém hoje é considerado anormal por acompanhar o rádio e a TV, só porque surgiu a internet.
Eu até gosto de uma teoria da conspiração, mas, por Deus, com argumentos, não é mesmo? ;)
Parabéns pelo texto, Soso!
:**
Parabéns, Soraia!
Pelo visto agora vc se animou com o blog, o que todos deveriam fazer...não tenham vergonha não, gente... :)
Mas, falando sobre as tais eternas profecias (há quanto tempo se ouve falar nelas, não?) acerca do fim do jornalismo impresso...na verdade elas são as que menos me preocupam.
o que às vezes consegue me tirar o sono é o tal fantasma da "reforma ortográfica", "simplificando" o português falado no Brasil para aproximá-lo com o de Portugal.
Nada me tira da cabeça que essa reforma ortográfica não trará nada de positivo para a nossa própria língua.
Na minha modesta opinião, essa reforma só fará com que o descaso que hoje a maioria da população tem pela língua portuguesa e pelas normas gramaticais aumente ainda mais.
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=18958&dt=20080724
ah, sim.
e só para encerrar minha contribuição neste tópico:
"Circulação de jornais cresce 8,1% no 1º semestre" - 04/08/2008
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/
economia/conteudo.phtml?tl=1&id=793977
&tit=Circulacao-de-jornais-cresce-81-no
-1-semestre
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