Mas, como nem sempre podemos ter aquilo que mais queremos e como, apesar da idéia de contribuir com um texto para esse blog eu descobrir que ainda não me sinto confortável para expor minhas dúvidas, dramas e alegrias para pessoas pelas quais eu confesso na maioria das vezes não sentir muita intimidade, resolvi postar um texto simpático e não de minha autoria, mas que revele um pouco do que eu quero dizer.
Prometo que num momento de coragem e inspiração eu escrevo algo mais pessoal e por isso mesmo mais sincero.
beijos de gato na bochecha de todos ;P
Deus e o Diabo
Tem dias em que fico completamente apaixonada pela minha profissão, pelo ato de escrever e por cada minúcia dessa função tão inteligente, social, bonita e gratificante. Tem dias em que eu tenho vontade de jogar todos os papéis pela vidraça e me candidatar a ser caixa de supermercado, emprego bem mais decente e que faz muito mais sentido.
Num momento, eu quero abraçar bastante algumas pessoas – quiçá até fazer-lhes um cafuné no cabelo e estalar um beijo na testa. Para, no momento seguinte, elas dizerem ou fazerem alguma coisa e me deixarem com vontade de picá-las bem miudinho e guardá-las no freezer, atrás das coxas de frango.
Tem horas em que minha casa parece um castelo, um paraíso, uma Shangri-la doce e acolhedora que me faz feliz apenas com seus tacos de madeira semi-brilhantes e as paredes de tijolos cinqüentenários. Tem horas em que eu só vejo o teto do banheiro descascando, as marcas de sapato no chão, a janela emperrada e a maldita pia onde mal cabe um prato e duas xícaras. Daí eu fico em dúvida se fotografo a casa e mando para uma revista ou se ateio fogo nela.
Num minuto quero cabelos curtos, simples, baratos, frescos. No outro minuto eu gosto da juba enorme, que cai pelos ombros e promove penteados lindos e aquelas emocionantes jogadas de franja.
Sei que adoro milho verde na espiga ou refogado. E sei que detesto milho verde em forma de sorvete ou (nojo!) pamonha.
Assisto um pouco do “Programa Amaury Jr.” revezando com “Reescrevendo a História”, passando para “Os Reis de Dogtown” nos intervalos e espiando o jogo de futebol americano sempre que possível.
Eu sei dizer elogios e gosto de falar bonito sobre aquilo que sinto e penso. E sei xingar como um marinheiro do cais do porto também.
Planejo sair para um passeio disposta a encontrar diversão – e fico sorridentíssima com o bom almoço, o cafezinho, o bate-papo, a revista que comprei. Em dois segundos, passo a bufar de raiva com o trânsito de volta, o calor da rua, o cansaço nos pés, a ignorância humana.
Fla Wonka
http://garotasquedizemni.ig.com.br/archives/002297.php#more
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