Já que ninguém colocou o texto aqui eu vou colocar o meu.
Seqüência de avalanches
Já faz quase três semanas que a pequena Isabella Nardoni foi assassinada. Desde então recebemos uma enxurrada de notícias, provenientes de todos os meios de comunicação, sobre o caso – procura de suspeitos, depoimentos de envolvidos e análise de pistas. Tudo, que de alguma forma (por mais insignificante que seja) possa estar relacionado ao crime, é explorado até seu esgotamento e a repetição das informações repassadas ao público é evidente para aqueles que têm um mínimo de atenção.
Com repercussão regional, acontece em Londrina fato semelhante, no que diz respeito à tentativa de se perpetuar ao máximo a duração de um fato jornalístico. Nesse caso trata-se do escândalo que envolve a Câmara Municipal da cidade, desencadeado pela prisão em flagrante do ex-vereador Henrique Barros e que já se estende por mais de três meses.
É certo que tal exploração exaustiva dos fatos, por parte das empresas de comunicação, é em grande parte motivada pela comoção pública que aqueles provocam e o conseqüente aumento do consumo dos veículos informativos. No segundo caso porém, nota-se que esse interesse se justifica, uma vez que há o envolvimento do bem público na situação. Mesmo que alguns não percebam tais motivações financeiras, acaba-se abordando temas que dificilmente seriam discutidos em grupos menos favorecidos economicamente – os direitos dos cidadãos e a fiscalização das ações de seus supostos "representantes" na Câmara.
Em um país cujos políticos não prestam devidamente suas contas á população e no qual mensaleiros e sanguessugas passeiam livremente por um campo de impunidade, é dever da imprensa investigar seus atos e comunicá-los à população. Querer ocultar o que se passa dentro da Casa é clara evidência de que muito de errado ocorre em seu interior e tentativa de afastar cada vez mais a população das decisões que teoricamente a atingiriam. É obrigação do jornalista buscar novos dados, e o "vazamento" de informações é responsabilidade daqueles que se propõem a fornecê-las, além de que não podemos culpar o primeiro por cumprir sua tarefa como profissional.
A busca por informações desconhecidas, mesmo com motivações empresariais, acaba propiciando fins válidos. O debate sobre assuntos em evidência desperta nas pessoas a postura crítica e a conscientização. Infelizmente não é isso o que ocorre em sua grande maioria e tão logo um novo acontecimento mais catastrófico ocorra, tudo o que foi discutido sobre as "batatas podres" provavelmente será esquecido, e uma nova avalanche de informações iniciada.
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2 comentários:
Estou com uma vergonha ainda maior do meu texto :( era pra dizer o que pensava sobre o assunto? :$
Vou pra aula amanhã com um saco de pão na cabeça.
Gostei.
Focou no jornalismo, coisa que eu não fiz nem de perto.
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