quinta-feira, 3 de abril de 2008

As Muralhas de Gomorra

Não sou de criar discórdia, muito menos polêmica, mas é que na última semana minha caixa de e-mails foi invadida por dezenas de mensagens sobre o famoso ‘‘Plano de Segurança’’ da nossa querida Uel. Admito que o tema esfriou muito com a virada de ano. Mas, em maio, junho e julho do ano passado só se falava nisso nos corredores da instituição. Aí vai um vídeo para relembramos juntos o que se passou em uma noite qualquer – será? - no ginásio do glorioso Centro de Educação Física e Desportos (Cefd). Assista com atenção.

Pois bem. Após muito se falar, discutir e protestar, nada foi feito. Nem por parte da reitoria, dirigida pelo magnífico reitor Wilmar Marçal e nem por seus opositores. À época muito se falou, pelos ‘‘contrários’’, que o plano e sua vertente que contempla a construção de um muro em volta do campus iria isolar a comunidade do entorno. Meus caros, a população das cercanias já está excluída do meio universitário e não é de hoje. Essa comunidade sofre, como toda a cidade, os sintomas da exclusão social que todos nós conhecemos. O que os perpetua fora da academia não é uma barreira física, mas sim o obstáculo da falta de uma educação de qualidade no nosso Brasil. Mas essa é uma outra discussão.

Também se falou sobre a presença da polícia militar no campus. Os ‘‘contrários’’ se valeram do discurso pouco convincente de que a presença dos homens da lei feriria a ‘‘autonomia universitária’’. Cá entre nós, conversa para boi dormir. O objetivo com isso? Não sei. A verdade é que em um espaço onde circulam, em média, mais de 20.000 pessoas por dia, não se pode dar ao luxo de banir a ação das forças policiais. Se a nossa sociedade já é ruim com as ‘‘forças de repressão’’, imagine o leitor sem elas. Quer-se portanto, fazer da Uel um universo paralelo, onde as leis e regras da República Federativa do Brasil ou do pujante Estado do Paraná de nada valem.

O pior de tudo é que quando houve uma abertura para os protestantes apresentarem suas idéias e opiniões sobre como combater o crime na Uel, nada de concreto, ou minimamente plausível foi especulado. Ou seja, se eram contrários às medidas previamente apresentadas, deveriam ao menos, ter uma contraproposta na manga. Porém não foi isso que vimos nas fatídicas discussões, debates e panelaços.

3 comentários:

Luiza disse...

Eu me lembro claramente, como se não tivesse sido há um ano atrás, de tomar de um apitinho e seguir contente os ideais estudantis em uma dessas manifestações (ah, a intoxicante euforia de estar na multidão... E quanto mais barulhenta a crowd, maior a sensação! Um brinde às massas!). E me lembro ainda mais claramente da decepção, meus caros. Era lindo que os estudantes estivessem ali, exercendo seus direitos de fazer voz contrária ao que quer que seja, pela importância indiscutível de criar discussões e polêmicas.

O momento exato em que o encanto se perdeu foi quando se levantou o reitor para explicar a proposta do Plano de segurança. Naquele momento piscou tenuemente o limite que separa o grandioso do ridículo, e o que se passou depois é mais piedoso resumir. À primeira menção do reitor de falar, os estudantes vaiaram e xingaram e gritaram (um brinde, UM BRINDE ÀS MASSAS!), a ponto de sobreporem-se ao microfone.

Onde não há debate, então ninguém tem a razão. E tudo ali abandonara a condição de discussão lógica e racional, abandonara mesmo a emoção. Porque não era um instinto passional que os movia, e sim a mera imitação, a bestialidade coletiva à qual eu (uma lady, afinal!) recusei a submeter-me.

Jogando o apitinho no lixo, fomos embora, eu e Luana, desgostosas da vida e de nossa geração...

Luiza disse...

E digamos que mais uma história sem clímax chega ao fim. Hahahahahhahahahahahahah





Mas, "As muralhas de Gomorra" é o cúmulo da perversão, em!

luh diniz disse...

É meu caro, o problema do movimento estudantil está justamente em fazer barulho sem ter uma proposta, uma base de pensamento (sem generalizar, claro).
Apesar de ter concordado com os 'contrários' em muitos pontos, eu não gostei da forma de atuação - apitaço pra não deixar a reitoria se expressar, batucada.. - dessa forma, perde-se a credibilidade e da razão aos demais de nos chamarem de baderneiros ou revolucionários sem causa.. o que é mais triste.

cmo disse a luh (plagiando):

"Jogando o apitinho no lixo, fomos embora, eu e Luíza, desgostosas da vida e de nossa geração..."

=/